O presente trabalho visa a investigar os meios de que se serve o narrador para inserir descrições na história que está contando, e o papel que os segmentos descritivos desempenham na economia internada narrativa.Consiste o corpus em trinta e oito narrativas extraÃdas de entrevistas gravadas pelo Projeto NURC, no Recife, no Rio de Janeiro, em Salvadore em São Paulo.Pretendemos mostrar que, embora possa parecer periférico o papel desempenhado pelas descrições,estas são relevantes, na medida em que servem para transmitir um saber necessário à compreensão do desenrolar dos acontecimentos narrados¾ descrição “informativaâ€Â¾ ou veicular um comentário apreciativo ¾ descrição “avaliativaâ€.Não é nosso propósito discutir o conceito de descrição, mas julgamos importante considerar alguns traços caracterÃsticos que diferenciariam narração de descrição.Consideraremos descrição o segmento textual que contém um conjunto de denominações hierarquizadas, composto por orações restritas ou livres e que apresenta as caracterÃsticas de um objeto,expressa sentimentos ou representa ações.Tomaremos por base as observações apresentadaspor Labov e Waletzky (1967) sobre a estruturada narrativa. Os autores focalizaram “a menor unidadede expressão lingüÃstica†que define as funções da narrativa ¾ basicamente a oração. Segundo Labov e Waletzky (1967:21-23), as verdadeiras orações narrativas são as que eles denominam independentes,orações temporalmente ordenadas que obedecem a uma ordem fixa: a inversão da ordem acarreta modificação na interpretação semântica original. As que se deslocam livremente ao longo de todo o relato e que, as mais das vezes, descrevem as circunstâncias em que ocorrem os acontecimentos, são denominadas orações livres.