Este trabalho tem como tema o desenvolvimento humano e a diversificação dos meios
de vida, conceitos esses entendidos como sinônimo de melhoria de vida e superação
das vulnerabilidades, dando destaque para a necessidade de estudos sobre bem-estar
no meio rural. A importância deste estudo está em analisar a cultura do tabaco como
processo que torna os indivÃduos dependentes e de uma cadeia produtiva que, mesmo
trazendo ganhos produtivos e econômicos, não reflete esses ganhos em bem-estar e
desenvolvimento humano e rural. Teoricamente, buscou-se compreender a abordagem
das capacitações, de Amartya Sen, e a dos livelihoods, de Frank Ellis, como perspectivas
que permitem entender o desenvolvimento para além do aspecto financeiro, levando
em consideração o bem-estar no meio rural. Metodologicamente, foram elaborados
dois Ãndices que retrataram os meios de vida (IMV) e as condições de vida (ICV), permitindo,
assim, um primeiro diagnóstico sobre cinco dimensões, a saber: econômica, social,
humana, ambiental e fÃsica. A pesquisa deu-se no municÃpio de Arroio do Tigre (RS),
em duas etapas: a primeira, por um estudo tipo survey, com 38 famÃlias, e a segunda com
entrevistas semiestruturadas, com 15 famÃlias, a fim de entender melhor o que torna
(ou não) estas famÃlias fumicultoras dependentes e vulneráveis. Os primeiros resultados
demonstraram que aqueles produtores mais dependentes da cadeia produtiva do tabaco
eram mais vulneráveis e, portanto, tinham um Ãndice de meios e condições de vida
pior que produtores diversificados. Ainda, estes resultados permitiram identificar quais
dimensões são mais ou menos afetadas pela dependência da cadeia do tabaco.