O trabalho fundamenta as bases para uma mudança de paradigma visando a
convivência do homem nordestino com o clima do Semiâ€Ã¡rido Brasileiroâ€SAB. Os
500 anos de exploração do bioma Caatinga, predominante na região, foram
caracterizados pelo extrativismo vegetal, abrindo espaço para a introdução da
agricultura de subsistência de algumas espécies de cereais anuais com baixa
produtividade, ao lado de uma pecuária extensiva, também caracterizada por
baixos nÃveis de produtividade. Assim, criouâ€se um pensamento de que era
possÃvel “combater as secasâ€, cristalizado na obra euclidiana de que “o sertanejo
é, antes de tudo, um forteâ€. Nas páginas que seguem procuraâ€se demonstrar que
a clássica e bela definição pode e deve continuar, porém sob uma nova visão, a
de “convivência com as secasâ€, caracterizada basicamente pelo conhecimento do
clima regional, que possibilitará a introdução de novas espécies vegetais e
animais nativas e exóticas, e as respectivas técnicas de produção e manejo
agronômico e zootécnico, somadas à erradicação do analfabetismo, o pai e mãe
da pobreza. O trabalho questiona duramente a agricultura tradicional, que vem
agravando o processo de desertificação e o êxodo rural, cujas raÃzes, dentre
outras, estão no analfabetismo crônico e na baixa capacitação profissional da
região de Gilbués, PiauÃ. Assim, o modelo de convivência com o Semiâ€Ãrido
baseado nas técnicas da agroecologia, da permacultura, do sistema de cultivo dry
farming e criação de animais silvestres e domésticos, poderá ser estendido para
todo o Semiâ€Ãrido Brasileiro. Esperaâ€se o aumento da produtividade agrÃcola e
pecuária, com formação de estoques alimentares para os perÃodos secos do ano.
E na esteira, resgatar técnicas de arquitetura ecológica centradas no adobe e
salvar da extinção inexorável animais tão exóticos e produtivos como o mocó. Â