As mulheres da América Latina e Caribe (ALC) conseguiram reverter ou reduzir as desigualdades de gênero nas últimas décadas. Elas ultrapassaram os homens nos indicadores de esperança de vida e anos médios de estudo. No mercado de trabalho, houve um aumento das taxas de atividade feminina, embora ainda haja segregação ocupacional, discriminação salarial e a permanência da tradicional divisão sexual do trabalho. Na representação parlamentar as mulheres da ALC passaram de 13% do total de deputados na Câmara Federal (Lower House) em janeiro de 1997 para 23% em janeiro de 2012. Mas no Brasil - onde houve forte empoderamento das mulheres, inclusive a eleição de uma mulher para a Presidência da República em 2010 - há apenas 8,8% de mulheres na Câmara de Deputados. A participação feminina no Poder Legislativo brasileiro é muito baixa e contrasta com a realidade do resto da região. Este artigo traça um breve panorama da desigualdade de gênero na América Latina e Caribe para, em seguida, focar em um panorama das desigualdades de gênero na polÃtica no Brasil. De inÃcio são apresentados os dados de intenção de voto das eleições presidenciais de 2010, separados por sexo do eleitor, utilizando os dados de 45 pesquisas dos 4 maiores Institutos de Opinião do Brasil. Em seguida é feita uma análise exploratória multivariada - por meio de um modelo de classificação em árvore – utilizando a base de dados de um survey realizado pelo Instituto Ibope sob encomenda do Consórcio Bertha Lutz (grupo de pesquisa criado para analisar as eleições brasileiras de 2010 numa perspectiva de gênero). Com base neste survey foram analisadas as variáveis comportamentais para a definição do voto para presidente da República. Por último, foi aplicado um modelo logÃstico multinomial investigando quais destas caracterÃsticas apresentam relações mais fortes com a intenção declarada de voto pelo eleitor.
Women in Latin America and the Caribbean (LAC) managed to reverse or reduce gender inequalities in recent decades. They have surpassed men in indicators of life expectancy and average years of schooling. In the labor market, there was an increase in the rate of female labor force participation, even though there is still an occupational segregation, wage discrimination and the permanence of traditional sexual division of labor. In the parliamentary representation in LAC women grew from 13% on representatives in the Lower House in January 1997 to 23% in January 2012. However, in Brazil, where occurred a strong women's empowerment, including the election of a woman to the presidency in 2010 – there are just 8.8% of women in the Chamber of Deputies. Female participation in the Brazilian Legislature is very low and contrasts with the reality of the rest of the region. This article provides a brief overview of gender inequality in Latin America and the Caribbean to then focus on an overview of gender inequalities in politics in Brazil. At first presents data on voting intentions of the 2010 presidential election, according to voter sex, using data from 45 surveys of the 4 largest pool institutions. Then, it is carried out an exploratory multivariate analysis – by fitting tree classification model – on voter’s intention to the major candidates, using data collected in the Consortium Bertha Lutz (research group created to analyze the Brazilian elections of 2010 from a gender perspective) to find population segments that have similar vote intention. Finally, it was applied a multinomial logistic regression to investigate which of the voter’s and candidates’ characteristics have significant and strongest relationships to stated vote intention.