Na concepção grega clássica, o homem ideal representa a unidade do intuitivo e do racional. Na Idade Média surge o conceito de pecado ligado ao corpo humano. Há uma ruptura do conjunto harmonioso corpo e espírito. Com o Renascimento, reaparece a busca do equilíbrio e o Humanismo procura conciliar estes dois aspectos da natureza humana, agora descritos como uma tríade, com o reconhecimento de três componentes básicos no homem clássico completo, a razão, o sentimento e a sensualidade. Observase que, depois do Classicismo (Renascimento), nenhuma outra escola literária preocupa-se em transmitir uma visão do homem com igual ênfase aos aspectos intuitivos, emocionais e racionais. D.H.Lawrence, escritor inglês moderno, busca uma unidade clássica na sua visão de homem. Coloca isso claramente no posfácio de O Amante de Lady Chatterley (1929). Esta posição é perfeitamente identificável em toda a sua obra. Um exame do conto “A Filha do Negociante de Cavalos”mostra como a visão clássica de Lawrence conceitua o amor. O escritor foi abertamente criticado em sua época e mesmo posteriormente, mas hoje é universalmente aceito e admirado, mostrando que também ele se tornou um clássico, em outra acepção da palavra.