Já há alguns anos é perceptÃvel uma nova postura na medievÃstica produzida no Brasil: os ditos clássicos, adormecidos pelas querelas de poder dentro dos Departamentos Universitários, ou mesmo nunca antes folheados, me parecem estar sendo ressuscitados ou pelo menos lidos com mais atenção. Tal caminho, evidentemente, é frutÃfero, contudo, nele jaz algo além do compromisso sério com a crÃtica historiográfica. Para nós, o ato de alguns jovens medievalistas atualmente retomarem alguns livros e teses se apropriando de suas ideias, as readaptando e revisando, nos permite, não sem certa ousadia, analisar nosso campo de atuação e as relações de poder nele imbricadas: dos convites especÃficos para publicações à s crÃticas veladas ao pé do ouvido e, ainda, o quanto o termo “revisionismo†tem, infelizmente, se convertido nas conversas de corredor num novo rótulo depreciativo depositado como um jugo injusto nas costas de alguns poucos corajosos que teimam e não se abalar. Neste breve ensaio crÃtico, pretendemos demonstrar o quão atual é o que se tem tido por ultrapassado e o quanto ainda devemos à quilo que se teima jogar para o porão sempre que uma voz dissonante clama a sós no deserto acadêmico enquanto aqueles assentados nos tronos de marfim dialogam sem se ouvir, mas se unem para rotular os que se mantêm avessos aos modismos intelectuais.
For a few years now a new posture in the medievalism produced in Brazil has
been perceptible: the so-called classics, a state of dormancy because of the quarrels of
power within the University Departments, or even never before handled, seem to be
being resurrected or at least to be read with more attention. Such a course is evidently
fruitful, although something beyond serious commitment to historiographical criticismo
lies in it. In our perspective, the fact that some young medievalists are resuming some books and theses, appropriating their ideas, re-adapting and revising them, allows us,
not without some daring, to analyze our academic field and the relations of power
imbricated therein and dedicate our attention to practices like these: the specific
invitations for publications, the critics veiled by the ear, the perception about how much
the term "revisionism" has unfortunately become the talk of a runner on a new
derogatory label deposited as an unjust yoke on the backs of a few brave ones who
stubborn and do not back down. In this brief critical essay, we intend to demonstrate
how present is what has been considered overtaken and how much we still owe to what
is throws to the basement every time a dissonant voice cries out alone in the academic
desert, while those sitting on the ivory thrones dialogue without being heard, but united
themselves to label those who remain averse to intellectual fashions.