Frente às demandas recentes por uma participação cidadã mais efetiva em políticas culturais, este artigo busca problematizar as relações entre profissionais e cidadãos comuns em processos de patrimonialização e nos usos e apropriações do patrimônio cultural. Parte-se das premissas de que a participação exige que um diálogo possa existir e de que esse diálogo sempre está sujeito a riscos: o risco de ser mal-entendido, o risco de ser entendido muito claramente e, ainda, o risco de desentendimentos entre as partes. Com base em exemplos de Joinville, Santa Catarina, são discutidos, primeiramente, os riscos de diálogos em situações de participação cidadã em atos de patrimonialização. Na sequência, sugere-se a ideia de que há algo que está para além da participação cidadã quando indivíduos e grupos profanam o patrimônio cultural e, nesse ato, reivindicam para si novos espaços de aparecimento na vida pública da cidade.
In consideration of recent demands for a more effective citizen participation in cultural policies, this article aims to discuss the relationships between experts and ordinary citizens in patrimonialization processes and in the uses and appropriations of the cultural heritage. It is based on the premises that participation requires that a dialogue can existand that this dialogue is always a risk: the risk of being misunderstood, the risk of being understood much clearly and also the risk of divergent ideas between the actors involved in the patrimonialization process. Analyzing cases from Joinville, Santa Catarina, it debates, firstly, the risks of dialogues in situations of citizen participation in acts of patrimonialization. After that, it proposes the idea that there is something more than the citizen participation when individuals and groups profane the cultural heritage and, in this act, they are looking for new appearance spaces in the public life of the city.