O tratamento de câncer na infância expõe pacientes e familiares a diversas exigências e desafios, que
envolvem alterações na dinâmica familiar, expectativas em relação ao tratamento, medo de recaÃdas,
custos financeiros e mudanças na rotina profissional e familiar. O objetivo deste estudo foi analisar o
impacto do semestre inicial de tratamento para leucemia sobre a rotina, dinâmica familiar, práticas
educativas parentais e padrões comportamentais de pacientes e de cuidadores, a partir de entrevistas
semiestruturadas realizadas em dois momentos durante o tratamento. Participaram deste estudo 30
cuidadores de crianças e adolescentes em tratamento para leucemia. Os resultados indicam alterações
importantes no comportamento dos pacientes, tais como agressividade exacerbada e não-colaboração
com tratamento. As práticas educativas parentais foram caracterizadas por maior permissividade,
ganhos secundários e superproteção. Por outro lado, os cuidadores indicaram a aquisição gradual de
habilidades para lidar com procedimentos médicos-invasivos e efeitos colaterais da medicação
antineoplásica, ao longo do tratamento. Os participantes destacaram alterações importantes na rotina
profissional dos cuidadores e na rotina social-familiar. Os dados indicam a necessidade de investigar
de forma especÃfica e sistemática as dificuldades à s quais cuidadores e pacientes são expostos ao
longo do tratamento, a fim de possibilitar estratégias de intervenção psicossocial mais eficientes.
Childhood cancer treatment exposes patients and their families to several demands and challenges,
which involve changes in family dynamics, beliefs related to the treatment, fear of relapse, financial
costs, and changes in both professional and family routines. The main goal of this study was to
analyze the impact of the first six months of leukemia treatment upon routine, family dynamics,
educational parenting patterns, and patients´ and caregivers´ behavioral patterns, using semi-structured
interviews carried out at two times during treatment. Thirty caregivers participated in the study. The
results indicate relevant changes related to patients’ behavior, such as heightened anger and absence
of collaboration. Educational parenting patterns were characterized by higher permissiveness during
this stage in addition to secondary gains and overprotective behavior. On the other hand, the
caregivers indicated the gradual acquisition of skills to deal with invasive procedures and side effects
related to antineoplasic medication, during treatment. The participants highlighted relevant changes
related to caregivers´ professional and social-family routine. These data indicate the need to
investigate, in a specific and systematic way, the difficulties to which caregivers and patients are
exposed to during treatment, so as to promote more efficient psychosocial intervention strategies.