Neste ensaio, trago algumas reflexões preliminares acerca da dimensão política da etnografia, com o objetivo de chamar atenção para alguns desafios éticos e metodológicos enfrentados pelos antropólogos nas pesquisas para registro de “bens de natureza imaterial”. De modo especial, tento apresentar algumas reflexões preliminares acerca das expectativas em torno do posicionamento do antropólogo, frente às disputas e dilemas do campo. Percebe-se que há uma série de frustrações em torno das ações do poder público e desconfianças naturais em relação aos resultados concretos das políticas de patrimonialização, que por vezes nos leva a situações imprevistas. A partir de algumas experiências como integrante de equipes de pesquisa em inventários para o registro de manifestações de cultura popular, procuro refletir sobre as dificuldades relacionadas à posição do antropólogo nestas atividades e sobre a necessidade de assumir uma posição cada vez mais engajada no campo em favor dos representantes dos bens a serem inventariados.
In this essay, I bring some preliminary reflections on the political dimension of ethnography, with the aim of drawing attention to some ethical and methodological challenges faced by anthropologists in research for the registration of "intangible heritage". In particular, I try to present some preliminary reflections on the expectations surrounding the position of the anthropologist, in the face of the disputes and dilemmas of the field. It is noticed that there are a series of frustrations about the actions of State and natural distrusts in relation to the concrete results of the policies of patrimonialization, that sometimes leads us to unforeseen situations. From some experiences as a member of research teams in inventories for the registration of intangible heritage, I try to reflect on the difficulties related to the position of the anthropologist in these activities and on the need to take an increasingly engaged position in the field in favor of the of our interlocutors.