Vivemos em uma sociedade que privilegia os direitos e as iniciativas individuais, praticamente deixando em segundo plano a dimensão coletiva da existência. Também se verifica a mesma coisa no âmbito das religiões. No entanto, a fé cristã comporta uma dimensão social que se dá em ao menos dois níveis. Trata-se de uma fé coletiva no sentido de que é a Igreja quem crê e a mesma fé é, então, partilhada por todos os seus membros. Por outro lado, é uma fé que afirma que Deus quis reunir para si um povo que estabeleça em seu interior relações de fraternidade e, dessa forma, testemunhe diante do mundo seu projeto de Reino. Visto dessa maneira, o comportamento cristão não se compreende a partir de ritos ou práticas religiosas, mas a partir da conhecida opção preferencial pelos pobres. O presente artigo faz um trajeto bíblico-histórico para afirmar essa dimensão social da fé não como uma sua consequência, mas como uma sua dimensão constitutiva.
We live in a society that privileges individual rights and initiatives, practically forgetting the collective dimension of existence. The same is true in religions. However, Christian faith involves a social dimension that occurs in at least two levels. It is a collective faith in the sense that it is the Church who believes and all its members share the same faith. On the other hand, it is a faith that affirms that God wanted to gather for himself a people that establish fraternal relationships among members and, in this way, witness in face of the world his Kingdom project. Seen in this way, Christian behavior is not understood from rites or religious practices, but from the well-known preferential option for the poor. This article makes a biblical-historical path to affirm this social dimension of faith not as a consequence, but as a constitutive dimension.