A Igreja Católica, com suas crenças seu culto e sua visão de mundo, ocupa, inequivocamente, um lugar de destaque na história do Ceará. A expressão “Terra das Trevas Romanas”, escolhida como título para esta introdução é muito emblemática neste sentido. O seu autor foi Rev. Natanael Cortez, pastor e líder espiritual dos protestantes cearenses nas primeiras décadas deste século. Com o seu espírito de apologista, ele criou este novo dístico para o Ceará1 em contraposição ao de “Terra da Luz”, ao qual a região fez jus pelo seu pioneirismo na libertação dos escravos negros. Essa percepção do Rev. Cortez, nasceu das lutas e dificuldades impostas à entrada e a estruturação de novas formas de manifestação religiosa, seja pelos costumes católicos arraigados na cultura local, seja pela situação de hegemonia política e ideológica que a Igreja desfrutava na região. O protestantismo, naquela época, já representava uma outra possibilidade de prática religiosa e uma ameaça ao monopólio do catolicismo sobre o sagrado. Neste sentido, ninguém menos suspeito para testemunhar o alcance do poder da Igreja do que um de seus principais opositores no interior do campo religioso.