O debate a respeito dos desafios da aprendizagem humana é especialmente importante para a formação docente e para se discutir a escola. Perguntas como “O que significa aprender e como se aprende?†ajudaram a compor várias crÃticas a concepções de aprendizagem baseadas em epistemologias empiristas e aprioristas, que simplificam a compreensão dos processos de ensino e aprendizagem. No entanto, ainda é possÃvel encontrar escolas que desenvolvem práticas didático-pedagógicas baseadas nessas epistemologias. Por que isso ocorre? Em parte, devido à dificuldade de se efetivar mudanças epistemológicas nas crenças docentes. Essa é uma das constatações que servem de base para as propostas de Fernando Becker, cujas pesquisas acerca da epistemologia do trabalho docente merecem destaque. Docente da graduação e da pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fernando Becker é graduado em Filosofia (Faculdades Anchieta, São Paulo), mestre em Educação (Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS) e doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (Universidade de São Paulo - USP). É professor-visitante na Universidad de la Frontera (Temuco, Chile), Universidad Metropolitana de Ciencias da La Educación (Santiago, Chile) e Pontificia Universidad Católica del Perú - PUCP (Lima, Peru). Além disso, é autor de mais de uma dezena de livros com os resultados de suas pesquisas e publicou mais de 20 capÃtulos em obras coletivas. Na entrevista concedida à Revista Educação e Linguagens, o pesquisador comenta suas recentes investigações e apresenta reflexões sobre a importância da docência, a complexidade do processo de ensino-aprendizagem e a necessidade de uma formação inicial que leve professores(as) a uma crÃtica epistemológica sistemática e aprofundada que ajude a superar, na prática pedagógica, a presença das concepções epistemológicas empiristas e aprioristas, como veremos a seguir.