A dominação de gênero está nas formas do cotidiano. Em meio às nossas atividades mais triviais, a situação privilegiada do homem aparece como algo natural, desde o salário inferior concedido à mulher por trabalho igual a regras morais severas abrigadas atrás de “doces” normas que dizem o que convém ou não a uma “dama” ou a uma “moça de bem.” Este artigo pretende observar de que modo o corpo feminino está frequentemente associado a visões de imperfeição e subalternidade sociais, partindo da análise sobre a escolha da voz narrativa do livro A hora da estrela (1977), da escritora Clarice Lispector.
Gender domination is present in everyday life. Amid our most trivial activities, the privileged situation of men seem to be something natural, from the lower salary granted to women for equal work to strict moral rules sheltered behind "sweet" standards that say what a "lady "or a “nice girl" should or should not do. Based on an analysis on the choice of the narrative voice in the book The hour of the Star (1977), by Clarice Lispector, this article aims to observe the way the female body is often associated with visions of social inadequacy and inferiority.