Estudos recentes demonstram que, apesar da ampliação do mercado editorial nos últimos anos, o campo literário brasileiro ainda é extremamente homogêneo. Do ponto de vista arquivístico, isso se reflete, por exemplo, na realidade do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB) da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), onde são custodiados majoritariamente acervos cujos titulares são do sexo masculino. Este artigo tem como objetivo mapear as informações sobre os arquivos literários femininos custodiados pelo AMLB, identificando o perfil das titulares desses acervos: suas origens, profissão, raça e vínculos com outros titulares de arquivos custodiados pela entidade. Os procedimentos metodológicos consistiram na coleta de dados, com pesquisa documental realizada no Guia do Acervo do AMLB, complementada com outros registros disponibilizados no site da instituição. Constatou-se que as titulares dos acervos têm um perfil bastante semelhante, isto é, são mulheres brancas, nascidas, em sua maioria, entre as décadas de 1930 e 1940, em estados do Sudeste do Brasil, e atuaram como jornalistas ao longo de sua carreira. Esses aspectos evidenciam a necessidade da elaboração de políticas de acervo mais plurais, considerando não apenas as desigualdades de gênero, mas também as diversidades sociais, étnicas e culturais.