DO COSMOS ARISTOTÉLICO AO MUNDO-MÁQUINA NEWTONIANO: AS BASES METAFÍSICAS DA CIÊNCIA MODERNA

Revista Ideação

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ISSN: 2359-6384
Editor Chefe: Laurenio Leite Sombra
Início Publicação: 31/01/1997
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Filosofia

DO COSMOS ARISTOTÉLICO AO MUNDO-MÁQUINA NEWTONIANO: AS BASES METAFÍSICAS DA CIÊNCIA MODERNA

Ano: 2014 | Volume: 0 | Número: 29
Autores: F. Mulinari
Autor Correspondente: M. G. Rodrigues | [email protected]

Palavras-chave: Metafísica Moderna; Ciência Moderna; Física de Aristóteles; Quebra de Paradigma.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A visão da ciência enquanto um saber puramente
objetivo e, por isso, livre de suposições metafísicas, ainda
persiste na contemporaneidade, seja no âmbito ordinário do
senso comum, seja nos meios científicos universitários. Sob essa
perspectiva, percebe-se que há certo olhar que prevalece como
uma máxima: a ciência moderna suplantou a metafísica. Noutros
termos, ainda hoje se acredita que, após as descobertas científicas
da Revolução Científica, com Copérnico, Galileu, Newton, entre
outros, o discurso metafísico foi extinto da ciência. Embora
essa visão sobre a ciência não seja unânime e, ao contrário,
venha cada vez mais sendo solapada no meio acadêmico, não é
incomum observar que ela ainda está presente e que se constitui
como uma visão da maioria dos cientistas e teóricos brasileiros.
Assim sendo, o objetivo desse artigo é, primeiramente, mostrar
que a ciência moderna não rejeita — ao menos em princípio —
às teses metafísicas, mas sim uma visão metafísica específica, a
saber, a oriunda dos escritos de Aristóteles e que sustentou a visão
científica anterior à concepção moderna. Além disso, o artigo
mostra que, apesar da pretensa objetividade e ‘matematização’ da
ciência, a concepção moderna lança mão de uma visão particular de ontologia/metafísica em seu fundamento. Por fim, pretende-se concluir, por meio de uma análise comparativa da história da ciência, que não só é impensável, como também improvável se
imaginar qualquer saber científico sem um alicerce ontológico,
i.e., filosófico.



Resumo Inglês:

The understanding of science as objective knowledge
and therefore free from metaphysical assumptions still persists in
contemporary days. From this perspective, it is clear that modern
science has supplanted metaphysics. In other words, there is still
today a belief that after the scientific discoveries of the Modern
Scientific Revolution, with Copernicus, Galileo, Newton, among
others, the metaphysical discourse of science was extinguished.
Although this view of science is not unanimous and, instead,
come increasingly being undermined, it is not uncommon to
observe that it is still present and it is like a vision of the majority
of Brazilian scientists. Therefore, the aim of this paper is, firstly, to
show that modern science does not reject - at least in principle - the
metaphysical thesis, but a specific metaphysical view, namely, that
one deriving from Aristotle’s writings. Furthermore, the article
shows that despite the alleged objectivity and ‘mathematization’
of science, its modern design makes use of a particularly modern
ontology/metaphysics in its foundation. Finally, this paper
intends to argue that history of science shows that it is impossible
to imagine any scientific knowledge without an ontological, i.e.,
philosophical foundation.