As representações da Amazônia foram construídas a partir das concepções de mundo dos estrangeiros, que projetaram sobre ela o seu imaginário. Por conseguinte, a região esteve suscetível historicamente a diversos preconceitos oriundos de preceitos civilizatórios externos a sua realidade. Séculos após a chegada dos primeiros europeus ao continente americano, essas concepções enviesadas sobre a Amazônia continuaram ecoando. É o que mostram algumas obras do início do século XX, dentre as quais são exemplos o livro de contos Inferno Verde, de Alberto Rangel, e o livro de crônicas-ensaísticas À margem da História, de Euclides da Cunha. Em ambos, nota-se juízos de valor análogos aos dos primeiros navegantes que aportaram na Amazônia. Propomos, então, neste estudo, uma análise em cotejo dos livros À margem da História e Inferno Verde, a fim de deslindar como o discurso ideológico se articula com um panorama discursivo geral.
Representations of the Amazon were built from the foreigners’ world conceptions, who projected their imaginary on it. Consequently, the region has been historically susceptible to various prejudices arising from civilizing precepts external to its reality. Centuries after the arrival of the first Europeans to the American continent, these skewed conceptions about the Amazon continued to echo. This is shown by some works from the beginning of the 20th century, among which are the book of stories Green Hell (in Portuguese, Inferno Verde), by Alberto Rangel, and the book of essay-chronicles On the margins of History (in Portuguese, À margem da História), by Euclides da Cunha. In both, there are value judgments similar to those of the first navigators who landed in the Amazon. In this study, we propose an analysis of the books On the margins of History and Green Hell, in order to unravel how the ideological speech, fruit of the collective imagination about the Amazon, articulates with a general discursive panorama.