O presente artigo aborda a crítica de Husserl à doutrina do naturalismo. Relaciona a referida crítica nas origens da fenomenologia com o período das reflexões sobre a crise do homem europeu. Mais precisamente, o artigo investiga a hipótese de que haveria uma inseparabilidade entre o realismo filosoficamente ingênuo das ciências positivas (adotado pelas ciências naturais, bem como pelas ciências humanas) e a ingenuidade perigosa de tais ciências (cujos reflexos se fazem notar na formação da humanidade europeia, na primeira metade do século XX). Tal hipótese nos permitiria, enfim, elucidar o ímpeto da crítica de Husserl ao naturalismo, revelando-nos a ideia de uma “teleologia oculta” da referida humanidade.