O presente ensaio é resultado das reflexões convergentes de duas pesquisas de Mestrado desenvolvidas junto ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará, que tem como problemática as “práticas de espaço†(CERTEAU, 1994) na cidade de Fortaleza/CE como geradoras de alteridade no contexto da dinâmica da circulação e deslocamentos humanos. Partimos da premissa de que a forma como o turismo está estruturado, do ponto de vista do obsessivo aproveitamento do tempo e da “escravização†do turista aos roteiros pré-contratados, é inibidora de um vasto processo de alteridade mal possibilitando ao indivÃduo/viajante a experiência de estar na cultura de outrem sem a presença deste. Os roteiros turÃsticos também são construÃdos arbitrariamente segundo interesses polÃticos e econômicos, manipulando a história e produzindo invisibilidade espacial. Desta forma, as lagoas de Fortaleza são espaços nos quais podemos visualizar a problemática da alteridade tanto para as “pessoas de dentroâ€, quanto para as “pessoas de fora†A associação inexorável entre os espaços invisÃveis e a população marginalizada que nele habita, trabalha e se diverte não é mera coincidência. Constata-se que espaço e indivÃduo são entidades acopladas numa mesma invisibilidade e, muitas vezes, são tratados como lixo ou a “banda podre†da cidade.
This article is a result of converging reflections of two thesis developed in the Master’s of Arts in Sociology in the Federal University of Ceará, which are related to the “space practicum†concept (CERTEAU, 1994), in the city of Fortaleza/CE, regarded as generators of otherness in the context of dynamics of movement and human displacement. It is believed that the way in which tourism is structured in Fortaleza, regarding the obsessive use of time and “enslavement†of tourist routes by pre-contract, is inhibitory to a broad process of multicultural sociability, not allowing the tourist the experience of being fully in the native culture. The tours are determined arbitrarily, regarding political and economic interests, manipulating the history and producing invisibility. Thus, the lagoons of Fortaleza are areas where we can view the problem of sociability both for the “localâ€, as for the “outsidersâ€. Inexorable associations between the “invisible spaces†and the marginalized population who live over there, who work and have fun, are not mere coincidence. It appears that space and individual entities are engaged in the same invisibility and are often treated as dischargeable, or the “ugly side†of the city.