Dos limões à limonada: explorando a traição e o amor afrocentrado através do álbum visual Lemonade

Manduarisawa

Endereço:
Avenida Rodrigo Otávio, 6200 - Japiim
Manaus / AM
69077-000
Site: http://periodicos.ufam.edu.br/manduarisawa
Telefone: (92) 9440-7119
ISSN: 2527-2640
Editor Chefe: Monize Melo da Silva Chaves
Início Publicação: 22/09/2017
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas

Dos limões à limonada: explorando a traição e o amor afrocentrado através do álbum visual Lemonade

Ano: 2024 | Volume: 8 | Número: 1
Autores: Adriano Barbosa Silva
Autor Correspondente: Adriano Barbosa Silva | [email protected]

Palavras-chave: Álbum visual, Beyoncé, amor afrocentrado, racismo

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Em 2016, utilizando de sua arte como um instrumento de engajamento político crítico no interior da indústria cultural, a cantora Beyoncé lança o álbum visual Lemonade, sendo este um produto audiovisual híbrido que mistura a estética do videoclipe com a construção narrativa do cinema e da televisão, oferecendo ao álbum fonográfico a sua visualidade, dialogando com a força da cultura visual pós-moderna. Neste, a artista propõe uma profunda reflexão sobre cura e autoconhecimento provocada a partir da experiência com a traição cometida pelo seu marido Jay-Z, o que a cantora nota ser uma espécie de maldição hereditária que não lhe atravessa de forma única, mas que marca a trajetória de outras mulheres negras. Utilizando como metodologia a análise fílmica aprofundada do conteúdo em diálogo com a leitura de referenciais teóricos sobre feminismo negro e amor afrocentrado, este artigo resgata quatro recortes do álbum visual Lemonade como objetos de estudo para compreender os impactos da opressão racista sobre a saúde e a longevidade de relacionamentos afetivo-sexuais entre pessoas pretas, tomando como ponto de partida o caso pessoal da cantora Beyoncé com a infidelidade praticada por seu cônjuge, tema que percorre toda a construção narrativa do álbum visual. Atesta-se, por fim, que, conforme a manutenção da colonialidade e do racismo, o espectro emocional e psicológico de sujeitos pretos são corrompidos o que dificulta o sucesso de suas relações amorosas fazendo, em contrapartida, com que o amor se torne também uma forma de resistência contra tais opressões.



Resumo Inglês:

In 2016, using her art as an instrument of critical political engagement within the cultural industry, the singer Beyoncé released the visual album Lemonade, a hybrid audiovisual product that mixes the aesthetics of the music video with the narrative construction of cinema and television, offering the phonographic album its visuality, dialoguing with the strength of post-modern visual culture. In this, the artist proposes a deep reflection on healing and self-knowledge provoked from the experience of the betrayal committed by her husband Jay-Z, which the singer notes is a kind of hereditary curse that does not affect her in a unique way, but which marks the trajectory of other black women. Using in-depth film analysis of the content as a methodology in dialogue with the reading of theoretical references on black feminism and Afro-centered love, this article rescues four clippings from the visual album Lemonade as objects of study to understand the impacts of racist oppression on health and longevity of affective-sexual relationships between black people, taking as a starting point the singer Beyoncé's personal case with the infidelity practiced by her spouse, a theme that runs through the entire narrative construction of the visual album. Finally, it is attested that, in accordance with the maintenance of coloniality and racism, the emotional and psychological spectrum of black subjects are corrupted, which hinders the success of their love relationships, causing, on the other hand, that love also becomes a form of resistance against such oppressions.