ECOLINGUÍSTICA E LINGUAGEM COMO SISTEMA ADAPTATIVO COMPLEXO: UM DIÁLOGO POSSÍVEL

Revista de Letras

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ISSN: 0101-8051 / 2358-4793
Editor Chefe: Maria Elias Soares
Início Publicação: 31/12/1977
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Letras, Área de Estudo: Linguística

ECOLINGUÍSTICA E LINGUAGEM COMO SISTEMA ADAPTATIVO COMPLEXO: UM DIÁLOGO POSSÍVEL

Ano: 2018 | Volume: 2 | Número: 37
Autores: Marco Antônio de Oliveira
Autor Correspondente: Marco Antônio de Oliveira | [email protected]

Palavras-chave: Ecolinguística. Sistemas Adaptativos Complexos. Variação e Mudança Linguística

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este texto argumenta por um diálogo possível e frutífero entre a ecolinguística e a perspectiva da linguagem enquanto um sistema adaptativo complexo (SAC). Um ecossistema linguístico é en- tendido como composto por uma população (P), por um território (T) e por uma língua (L), língua esta entendida como interação (I). Uma vez que as interações se dão entre os indivíduos que compartilham um território, assim como entre esses mesmos indivíduos e seu meio ambiente, torna-se possível examinar as consequências dessa arquitetura em termos da moldagem diferenciada das emergências linguísticas no eixo do tempo. Do ponto de vista da linguagem enquanto um SAC, podemos observar algumas propriedades que confirmam a perspectiva ecolinguística: (a) Os componentes de um sistema complexo são interdependentes e interagem de modo não linear; (b) Os sistemas complexos são capazes de exibir comportamento emergente; (c) Os sistemas complexos oscilam entre um comportamento caótico e não caótico; (d) Os sistemas complexos exibem retroalimentação. Os sistemas complexos contêm, portanto, retroalimentações, que influenciam seu comportamento e que podem ser negativas, reduzindo o desvio de um estado almejado, ou positivas, quando esse desvio for aumentado. Sistemas complexos, assim como os ecossistemas, podem, portanto, emergir em diferentes formas e, ainda assim, preservar sua identidade. Isso é assim porque as coordenadas que eventualmente definem um sistema criam um espaço de pontos, e não um único ponto. Esse espaço, ou ‘espaço fase’, consiste de duas partes, um estado e uma dinâmica. O estado é sempre temporário e pode ser definido como sendo a conformação do sistema num determinado ponto do tempo, criando uma impressão de ordem. Sua dinâmica, por outro lado, cria a impressão de desordem, que é apenas a multiplicidade de estados que um sistema pode exibir no eixo do tempo. Pode-se dizer que, em ambas as perspectivas, recusa-se uma visão da linguagem humana, bem como de sua emergência nas línguas naturais, como algo desgarrado do tripé P-T-I.