Aborda-se aqui a questão ecológica numa perspectiva pouco comum: a do niilismo moderno. Este é aqui entendido, em geral, como vida sem sentido e, em particular, como falta de um sentido último e transcendente para a vida. A falta de sentido estaria na raiz da falta de respeito e de amor à natureza. Pois, se a vida humana não tem sentido, como o teria a natureza? A crise ecológica seria, pois, um aspecto de uma crise mais ampla e mais profunda: a crise do sentido. Mas de onde provém a crise de sentido? Provém, no fundo, de uma visão secularista do mundo. Tal visão, radicalmente antropocentrista e prescindindo de Deus, acaba entregando o mundo à vontade de potência do ser humano, inclusive na forma de niilismo ativo ou destrutivo. A “ecologia profundaâ€, enquanto se quer “biocêntrica†ou “ecocêntricaâ€, não é uma verdadeira alternativa, por manter-se ainda presa, como o antropocentrismo, a uma perspectiva fundamentalmente imanentista do mundo. A verdadeira saÃda se dá “por cimaâ€: consiste em reconhecer a “criaturalidade†das coisas, enquanto dependentes do Criador e possuindo, por isso mesmo, um valor próprio, que o ser humano é chamado a respeitar e de que deve dar conta.