Economias políticas da doença e da saúde: população, raça e letalidade na experimentação farmacêutica

Ayé: Revista de Antropologia

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ISSN: 2674-6360
Editor Chefe: Arilson dos Santos Gomes e Rafael Antunes Almeida
Início Publicação: 20/05/2019
Periodicidade: Anual
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia

Economias políticas da doença e da saúde: população, raça e letalidade na experimentação farmacêutica

Ano: 2019 | Volume: 1 | Número: 1
Autores: Rosana Castro
Autor Correspondente: R. Castro | [email protected]

Palavras-chave: Pesquisa clínica; Corpo; Valor.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A experimentação farmacêutica em seres humanos no Brasil configura um campo crescente de articulação de interesses de diversos atores nacionais e internacionais. Empresas do setor reconhecem na população do país uma grande diversidade racial de pessoas adoecidas e sem acesso a tratamento adequado como fator de interesse para seus investimentos no país. Autoridades públicas e pesquisadores brasileiros, por sua vez, apresentam a pesquisa clínica como uma via de acesso gratuito e antecipado a tecnologias de saúde à população. Neste trabalho, discutem-se as associações entre categorizações raciais, precariedades no acesso à saúde e oportunidades de realização de experimentos e as caracterizações desses empreendimentos globais como um negócio e uma dádiva. Reflete-se, ainda, sobre como os estudos clínicos articulam biopolíticas e necropolíticas contemporâneas ao capitalizarem sobre condições letais de vida de sujeitos brasileiros para o desenvolvimento de biotecnologias de saúde.



Resumo Inglês:

Pharmaceutical experimentation in human beings in Brazil configures a growing field of articulation of interests of diverse national and international actors. Companies in the trial industry recognize in Brazil’s population a great racial diversity of peop le who are ill and without access to adequate treatment as a factor of interest for their  investments in the country. National public authorities and Brazilian researchers, in turn, present clinical research as a way to provide free and early access to hea lth technologies for the population. In this paper, I discuss the associations between racial categorizations, poor access to health and opportunities for experimentation, and the characterization of these global enterprises as a business and a gift. I als o reflect on how clinical studies articulate contemporary biopolitics and necropolitics by capitalizing on lethal living conditions of Brazilian subjects for the development of health biotechnologies. 

Pharmaceutical experimentation in human beings in Brazil configures a growing
field of articulation of interests of diverse national and international actors. Companies in
the trial industry recognize in Brazil’s population a great racial diversity of peop
le who are ill
and without access to adequate treatment as a factor of interest for their investments in the
country. National public authorities and Brazilian researchers, in turn, present clinical
research as a way to provide free and early access to hea
lth technologies for the population.
In this paper, I discuss the associations between racial categorizations, poor access to health
and opportunities for experimentation, and the characterization of these global enterprises
as a business and a gift. I als
o reflect on how clinical studies articulate contemporary
biopolitics and necropolitics by capitalizing on lethal living conditions of Brazilian subjects
for the development of health biotechnologies.
Keywords:
Clinical trials. Body.
Value.
1
A pesquisa que fundamenta este trabalho foi financiada com recursos de bolsa de doutorado do Conselho
Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq). Agradeço à Soraya Fleischer e aos colegas do grupo de
orientação coletiva pelos comentários e contribuiçõe
s para melhoramento de versões preliminares. Igualmente,
agradeço aos coordenadores do Grupo de Trabalho “Antropologia e Tecnociência: teorias, métodos e
perspectivas” da 31
a
Reunião Brasileira de Antropologia, Fabíola Rohden e Marko Monteiro, bem como à
d
ebatedora, Jane Russo, e colegas participantes pela oportunidade de apresentação de versão preliminar do
trabalho e pelos comentários e sugestões generosamente feitos ao texto. Por fim, agradeço aos pareceristas
anônimos pelas excelentes possibilidades de
engajamento reflexivo e crítico e potencialização dos argumentos
desenvolvidos