Educação escolar e saberes sociais em narrativas de trabalhadores; o trabalho da palavra e da consciência histórica

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ISSN: 15193276
Editor Chefe: Teresinha Maria Duarte
Início Publicação: 30/04/2001
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: História

Educação escolar e saberes sociais em narrativas de trabalhadores; o trabalho da palavra e da consciência histórica

Ano: 2014 | Volume: 14 | Número: 2
Autores: L.M.R.Silva
Autor Correspondente: L.M.R.Silva | [email protected]

Palavras-chave: Saberes escolares, Saberes sociais, Analfabetismo, Reconhecimento social, Consciência histórica.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O objetivo deste texto é refletir sobre a relação entre saber escolar e
outros saberes sociais e sobre a inconveniência da valorização da cultura letrada
em detrimento de outras culturas, na sociedade capitalista. A partir de narrativas
de carregadores de mercadorias, buscamos uma compreensão de como eles
explicitam uma clara consciência da relação desigual entre os diferentes saberes,
explicam detalhadamente seus saberes construídos na experiência cotidiana do
universo de trabalho e apresentam uma demanda pelo seu reconhecimento, desmistificando
os discursos que os desqualificam por serem pouco escolarizados,
expondo as debilidades de um sistema onde convivem com muitas pessoas muito
escolarizadas, mas desempregadas. Os trechos de narrativas que aqui trabalharei
nos remeterão à perspectiva de Rüsen (2001) sobre o papel da narrativa na construção
da consciência histórica e de Portelli (1996), quando afirma que narrar é
explicar e que na narrativa a filosofia vai junto com os fatos, que na narrativa oral
podemos apreender no trabalho da palavra o trabalho da consciência. Lidando
com narrativas orais, propomos considerar as experiências dos carregadores de
mercadorias como estímulo para refletirmos sobre os significados das lutas por
uma educação escolar “libertadora”, “para além do capital”, que dialogue com
os demais saberes sociais e se construa considerando as experiências de vida
dos sujeitos e não excluindo ou desqualificando outros saberes. Construir uma
educação escolar “libertadora” é a única maneira de vencer uma história onde
o domínio dos saberes escolares quase sempre esteve associado à construção de
privilégios e dominação.



Resumo Inglês:

This paper aims to reflect on the relationship between school knowledge
and other social knowledge, and on the inconvenience of privileging literate
culture in detriment of other cultures, in capitalist society. From goods
carriers narratives we want to understand how they have an awareness of the un
equal relationship between different knowledge, how they explain in detail their
knowledge elaborated in every day experience of the work universe, and how
they present a demand for their recognition, demystifying discourses, which
disqualify them, and exposing the weaknesses of a system where they coexist
with many educated unemployed people. The narrative excerpts analyzed in this
paper will remit us to the Rüsen (2001) prospect on the role of narrative in the
construction of historical consciousness and to Portelli (1996), when he says
that to narrate is to explain and that the narrative philosophy goes along with
the facts, and that, in oral narratives, we can grasp the consciousness work from
the work of the word. Dealing with oral narratives, we propose to consider the
goods carriers experiences as a stimulus to reflect on the struggles for “liberating”
school education meanings, “beyond capital”, which dialogue with other
social knowledge and is made considering individuals life experiences and not
excluding or disqualifying other knowledge. Building a “liberating” education
is the only way to win a story where the domain of school knowledge almost
always has been associated with privilege and domination.



Resumo Espanhol:

El objetivo de este texto es reflexionar sobre la relación entre los
saberes escolares y otros saberes sociales y sobre la inconveniencia de valorización
de la cultura alfabetizada en detrimento de otras culturas en la sociedad
capitalista. Desde la narrativa de los transportistas de mercancías, buscamos un
entendimiento de cómo explicitan una clara conciencia de la relación desigual
entre los diferentes saberes, explican en detalle su conocimiento construido en
la experiencia cotidiana del universo laboral y presentan una demanda para su
reconocimiento, desmitificando los discursos que descalifican ellos y exponiendo
las debilidades de un sistema donde conviven con muchos desempleados
educados. Los fragmentos de narrativas que trabajaré aquí nos van a remitir a la
perspectiva de Rüsen (2001) sobre el papel de la narrativa en la construcción de
la conciencia histórica y de Portelli (1996), cuando dice que narrar es explicar
y que, en la narrativa, la filosofía va de la mano con los hechos, que en la narrativa
oral podemos captar el trabajo de la consciencia en el trabajo de la palabra.
Trabajando con narrativas orales, proponemos considerar las experiencias de los
expedidores de mercancías como un estímulo para reflexionar sobre los significados
de las luchas por una educación escolar “liberadora”, “más allá del capital”,
que dialogue con otros conocimientos sociales y si construye teniendo en cuenta
las experiencias de vida de los individuos y no excluyendo o descalificando a
otros conocimientos. La construcción de una educación “liberadora” es la única
manera de vencer a una historia en la que el dominio de los conocimientos
escolares casi siempre se asocia con la construcción de privilegio y dominación.