A discussão central que se buscou desenvolver no presente artigo é a de que a
educação ocupa lugar privilegiado no processo de construção de uma cultura
sustentável, a qual requer a superação do paradigma antropocêntrico. Urgem
mudanças radicais no estilo de vida em sociedade se quisermos evitar a destruição
da vida. Nesse sentido, precisa-se caminhar na direção de um novo humanismo
alicerçado na sabedoria, na simplicidade e na humildade. O desafio da educação é
reconciliar o ser humano com a natureza e desenvolver o sentido de pertença,
ternura e responsabilidade frente à vida. Para desenvolver essa ética do cuidado e
da responsabilidade em relação à natureza, é imprescindÃvel trabalhar o eu interior e
desenvolver a consciência profunda de que somos dependentes da natureza. Eis aÃ
a ecologia profunda, que requer de todos um encantamento amoroso, poético e
mÃstico frente à natureza. Essa transformação espiritual é essencial na caminhada
em direção a uma cultura de convivência harmoniosa e pacÃfica com a Mãe Terra.
Portanto, a tarefa no campo da educação é desenvolver um novo paradigma
cultural, capaz de contemplar a sustentabilidade nas práticas sociais, polÃticas e
econômicas, que tenha sempre no horizonte possÃvel a justiça social, a democracia,
a solidariedade, uma cultura da paz, o respeito à pluralidade e uma polÃtica global
dos direitos humanos. Nosso futuro comum, na era da sociedade global, dependerá
da nossa capacidade de desenvolver essa nova consciência, que busca a
sustentabilidade em todas as dimensões de nossa existência.