Neste trabalho discutimos o significado de ensino da lÃngua materna no contexto
dos cursos de Educação de Jovens a Adultos (EJA), nos quais a grande maioria
dos alunos usa variantes não prestigiadas da lÃngua portuguesa brasileira,
utilizando os estudos de cientistas sociais que questionam a própria noção
de lÃngua materna e sua relação com outras lÃnguas (BAGNO, 1999; VERMES;
BOUTET, 1989). Ilustramos, através de um exemplo de discriminação linguÃstica
descrito em Santos (2012), as dificuldades de ensinar e aprender a lÃngua como
disciplina escolar, e propomos, como forma de evitar algumas das dificuldades,
problemas e armadilhas da aula, os projetos de letramento (KLEIMAN, 2000),
uma organização didática centrada nas práticas sociais de uso da lÃngua escrita,
que propicia a criação de situações que permitem a percepção de que tanto o
uso da escrita quanto o exercÃcio da oralidade estão implicados em situações de
legitimação de grupos sociais marginalizados e que demonstram a imbricação
entre usos da linguagem e mudança social.
In this work we discuss the meanings of mother tongue teaching in the context of
Adult Education courses, where most of the students use a discriminated dialect
of Brazilian Portuguese. We base our discussion on the studies of social scientists
who question both the notion of the mother tongue and its relation to other
languages (VERMES & BOUTET, 1989; BAGNO, 1999). We illustrate, through an
example of linguistic discrimination described in Santos (2012) the difficulties that
surround the teaching and learning of the mother tongue as a school subject, and
propose literacy projects (KLEIMAN, 2000), as a form of didactic organization that
may help to avoid some of the problems and difficulties in the classroom. Literacy
projects are centered the social uses of writing and favor the creation of situations
that allow the student to perceive that the use of both oral and written language
modalities are needed for the legitimization of socially marginalized groups and
that demonstrate the entangled relationship between language use and social
change.