Apresentamos reflexões sobre como os processos de autorrepresentação midiática indígena provocam transformações na forma como os comunicadores não indígenas se relacionam com a temática, em especial os que atuam na produção audiovisual, a partir de um estudo de caso da série Índio Presente. Essa série foi lançada em 2017 e veiculada em TVs universitárias ou educativas regionais e nacionais, além de disponibilizada na plataforma digital Futura Play, pertencente ao Canal Futura, até 2020. Trata-se de 13 episódios que abordam, a cada edição, um equívoco que permeia a visão do senso comum sobre os povos originários. Índio Presente foi produzida por não indígenas para o público não indígena e traz em seu conteúdo entrevistas com autoridades e “personagens agentes”, tanto indígenas como não indígenas. A metodologia envolve revisão bibliográfica sobre a representação imagética dos povos indígenas, mapeamento dos estereótipos construídos historicamente nessas representações e análise da narrativa e das fontes ouvidas na série Índio Presente. Conclui-se que o giro decolonial não representa somente a autorrepresentação, mas o deslocamento e descentramento causados na prática dos comunicadores não indígenas ao desenvolver uma produção intercultural sobre os povos indígenas.
We present reflections on how the processes of indigenous media self-representation provoke transformations in the way non-indigenous communicators engage with indigenous themes, especially those involved in audiovisual production, based on a case study of the series Índio Presente. This series, launched in 2017, was broadcast on regional and national university or educational TV channels and made available on the digital platform Futura Play, owned by Canal Futura, until 2020. There are 13 episodes and each one addresses a misconception that permeates the common perception of the indigenous. Índio Presente was produced by non-indigenous people for the non-indigenous audience and features interviews with authorities and “active characters", both indigenous and non-indigenous. The methodology includes a literature review on the imagetic representation of indigenous people, a mapping of historically constructed stereotypes in these representations, and an analysis of the narrative and sources featured in the serie Índio Presente. The study concluded that the decolonial shift not only encompasses self-representation, but also entails displacement and decentering experienced by non-indigenous communicators as they develop an intercultural production about indigenous people