O artigo tem como objetivo analisar três materiais didáticos de ensino de língua portuguesa para surdos produzidos pela educadora Ana Rímoli Dória, na década de 1950. Na análise dos trechos recortados das três obras, uma relação foi sendo paulatinamente construída, a saber, a felicidade do sujeito surdo estar atrelada à sua oralização. Considerado “naturalmente” infeliz, esse sujeito deveria ter acesso a um saber específico sobre a língua portuguesa, língua de modalidade oral auditiva e, porquanto, língua cuja materialidade fugiria à apreensão do sujeito surdo. Outras supostas formas de aprender essa língua foram organizadas e formalizadas sob os auspícios dos saberes sonoros dessa língua. Nossas análises, filiadas à articulação entre História das Ideias Linguísticas e Análise de Discurso materialista, buscaram compreender os modos como essa relação entre felicidade e oralização foram produzidos.
Thearticle aims to analyze three pieces of didactic materials to teach Portuguese to the deaf produced by Ana Rímoli Dória, in the 1950s. In the analysis of the excerpts of the three books, a relationship was gradually built up, namely, deaf subjects’ happiness linked to their oralization. Considered “naturally” unhappy subject, he/she should have access to a specific knowledge of Portuguese, an oral auditory modality language and, therefore, a language whose materiality would escape the deaf subjects’ apprehension. Other alleged forms of learning that language have been organized and formalized under the auspices of the sound knowledge of that language. Our analyses, linked to the articulation between History of Linguistic Ideas and Materialist Discourse Analysis, sought to understand the ways in which this relationship between happiness and oralization was produced.
O artigo tem como objetivo analisar três materiais didáticos de ensino de língua portuguesa para surdos produzidos pela educadora Ana Rímoli Dória, na década de 1950. Na análise dos trechos recortados das três obras, uma relação foi sendo paulatinamente construída, a saber, a felicidade do sujeito surdo estar atrelada à sua oralização. Considerado “naturalmente” infeliz, esse sujeito deveria ter acesso a um saber específico sobre a língua portuguesa, língua de modalidade oral auditiva e, porquanto, língua cuja materialidade fugiria à apreensão do sujeito surdo. Outras supostas formas de aprender essa língua foram organizadas e formalizadas sob os auspícios dos saberes sonoros dessa língua. Nossas análises, filiadas à articulação entre História das Ideias Linguísticas e Análise de Discurso materialista, buscaram compreender os modos como essa relação entre felicidade e oralização foram produzidos.