O presente artigo pretende, por meio de uma percepção materialista histórico-dialética, analisar os contos Embargo e Coisas, presentes na coletânea Objecto Quase (1994), de José Saramago. Para tanto, utilizar-se-á os conceitos de Alegoria e Insólito, à luz das formulações de Hansen (2006) e Pierini (2017), respectivamente, atrelados à teorização da Alienação, compreendida aqui a partir do pensamento de Karl Marx (2015), bem como de seus críticos, tais quais Williams (2007), Petrović (2012) e Konder (2015). Com base nos referidos teóricos do literário e das ciências sociais, objetiva-se discutir em que medida os contos saramaguianos, utilizando-se de recursos alegóricos e insólitos, apreendem, em sua composição ficcional, o conceito de Alienação marxista, a fim de se discutir os contornos da sociedade capitalista contemporânea.