Questionamentos sobre a perda de poder dos EUA, e a ascensão de paÃses com economias chamadas "emergentes", em especial a China, como possÃveis novos pólos de poder, e assim desafiadores da posição dominante dos EUA e Europa, se tornaram senso comum dos debates polÃticos e meios de comunicação no final da primeira década do século XXI. Porém, em que medida a atual ascensão de paÃses chamados "emergentes" configurariam uma perspectiva de ordem não-hegemônica (ou mesmo contra-hegemônica)? Ou, ao contrário, em que medida estes paÃses, e as diferentes suas forças sociais, reproduzem a lógica de acumulação capitalista, levando assim a um novo ciclo de expansão do capital global? Este breve ensaio visa problematizar a noção de mudança na ordem mundial a partir de diferentes abordagens e perspectivas polÃtico-teóricas. Buscamos contribuir ao refinamento dos instrumentos de reflexão e análise para que possamos ir além do senso comum, na tentativa de desconstrução de consensos. Esses apresentam supostas "necessidades" sobre crescimento econômico e caminhos para o "desenvolvimento" que ofuscam indagações sobre para quê e para quem crescer e se desenvolver. Afinal, de onde e para onde estamos "emergindo"? Após uma breve apresentação sobre quem são os chamados "emergentes", este ensaio discorre sobre diferentes perspectivas: aquelas que contemplam ajustes e acomodações para manutenção da ordem, aquelas que vêem mudanças e descolamentos do centro de acumulação, podendo significar uma transição do próprio capitalismo e, por fim, aquelas que analisam mudanças e configurações históricas que desembocam no aprofundamento das relações sociais (e entre Estados) capitalistas. Argumentaremos que é necessário atentar para o papel das forças sociais na construção de uma possÃvel contra-hegemonia.