Este artigo objetiva revisitar o processo de regionalização proposto pelos EUA para a América Latina e a forma pela qual o governo brasileiro, sob a presidência de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), levou a cabo as negociações de modo a prevenir sua concretização e consolidar um polo de poder econômico independente na região: o MERCOSUL. O artigo apresenta distintas perspectivas teóricas para interpretar esse fenômeno: a regionalização econômica de Balassa (2013); a teoria dos jogos (AXELROD & KEOHANE, 1985; PUTNAM, 2010) e as abordagens sobre Governança Econômica Global (WOODS, 2006). Ao fim, concluímos sobre quais aspectos teórico-conceituais predominaram na posição do governo FHC de não aceitar o Acordo de Livre Comercio das Américas. Um dos aspectos fundamentais fora o modo de negociação levado à cabo por FHC junto aos EUA: o que aqui denominamos “jogo de três níveis”. Ademais, o presidente visava consolidar o país como um dos polos econômicos de poder em meio à integração macroeconômica e financeira com o Cone Sul.
This article aims to revisit the regionalization process proposed by the USA for Latin America and the way in which Brazilian government, under the presidency of Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), carried out the negotiations in order to prevent its concretization and consolidate an independent pole of economic power in the region: MERCOSUR. The article presents different theoretical perspectives to interpret this phenomenon: the economic regionalization of Balassa (2013); the game theory (AXELROD & KEOHANE, 1985; PUTNAM, 2010) and the approaches of Global Economic Governance (WOODS, 2006). Finally, we conclude on which theoretical-conceptual aspects predominated in the FHC government's position of not accepting the Free Trade Area of the Americas (FTAA). One of the fundamental aspects was the mode of negotiation carried out by FHC with the United States: what we here call "three levels game". In addition, the president aimed to consolidate the country as one of the economic poles of power amid the macroeconomic and financial integration with the Southern Cone.