Este texto explora a forma como os memes podem constituir-se enquanto potentes
estratégias contemporâneas de subversão e resistência às normas que
regulam/governam corpos, gêneros e sexualidades. A infraestrutura técnica do
ciberespaço possibilita que uma quantidade significativa de usuárias/os hoje possa
(co)criar, “curtir” e compartilhar amplamente informações dos mais variados tipos
(imagens, vídeos, sons etc) para outras pessoas geograficamente dispersas. Muitas
dessas informações desenvolvidas colaborativamente evidenciam a força política
dos usos feitos das redes sociais online na criação de estratégias de resistência
direcionadas no combate ao regime (cis)heterocentrado, responsável pela
desqualificação de corpos, gêneros e sexualidades dissidentes, comumente
designados de anormais e estranhos. Se por um lado as redes sociais online
caracterizam-se enquanto um terreno fértil para a viralização de discursos
preconceituosos/discriminatórios, por outro lado é através dessas mesmas redes
que muitos usuários vêm encontrando brechas e formulando caminhos no combate
às mais perversas formas de desqualificação de determinados grupos sociais de
sujeitos que integram as chamadas “minorias” sexuais, de gênero e étnico-raciais.
O trabalho apresenta algumas dessas experimentações nos/com os cotidianos,
acompanhando analiticamente seus modos de produção e algo daquilo que pode se
constituir como enunciações coletivas.