Nossa época é marcada por uma obsessão pela gravação e pelo arquivamento da nossa experiência através do uso das tecnologias. Tal constatação nos leva a um dos futuros possíveis no tocante à memória técnica, leia-se: uma realidade na qual tornou-se comum o uso de próteses mnemônicas que armazenam todos os dados da percepção, propiciando a rememoração irrestrita do vivido; é precisamente esta a premissa do episódio Toda a sua história da série Black Mirror. A partir da análise do mesmo, o presente artigo almeja esmiuçar as implicações sociais e culturais da tecnologia empregada nele, sobretudo os seus usos e abusos, tomando como base teórica as discussões em torno da memória viva, da cultura da memória, do arquivo, da memorização tecnológica e, também, do esquecimento.