Entre a denúncia e o fatalismo: natureza, sociedade e sertanejos-retirantes na literatura que evoca o Nordeste das secas

Estudos, Sociedade e Agricultura

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ISSN: 2526-7752
Editor Chefe: Raimundo Santos
Início Publicação: 29/10/1993
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Sociologia, Área de Estudo: Multidisciplinar

Entre a denúncia e o fatalismo: natureza, sociedade e sertanejos-retirantes na literatura que evoca o Nordeste das secas

Ano: 2020 | Volume: 28 | Número: 3
Autores: Liduina Farias Almeida da Costa
Autor Correspondente: Liduina Farias Almeida da Costa | [email protected]

Palavras-chave: literatura regionalista, Nordeste, imagens da seca

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Há consenso de que, no Brasil, a literatura é uma das primeiras áreas a assimilar contribuições sociológicas europeias do final do século XIX, e sob influência do darwinismo social e de teorias deterministas tematizar a raça e o meio. O movimento conhecido como literatura regionalista foi profundamente influenciado por esses temas. Neste artigo, o objetivo é desenvolver reflexão sobre obras desse movimento literário, cujos autores se dedicaram ao tema da seca na região Nordeste do Brasil, apontando algumas de suas repercussões na constituição de uma suposta identidade nordestina. O artigo consta de duas partes. A primeira trata do Nordeste como região construída e da emersão da seca como calamidade social. Na segunda, discutimos sobre a seca nos romances regionalistas, destacando elementos discursivos que expressam relações sociais em cidades nordestinas “receptoras” de populações rurais em tempos de seca. Concluímos que as obras têm uma função denunciatória, mas deixam quase ausentes as reações de sujeitos políticos. Desse modo, ainda contribuem na reprodução de velhas imagens, como símbolos, que também impelem à estigmatização da identidade e ações políticas muito mais de permanência que de mudanças.



Resumo Inglês:

There is an agreement about the role of literature in Brazil in the assimilation of the European sociological contributions in the end of 19th century, particularly the influence of social Darwinism and Determinism on the discussions about race and context. The movement known as regionalist literature was deeply influenced by these themes. This paper aims to reflect on the works of this literary movement, whose authors dedicated themselves to the theme of drought in Northeast Brazil, pointing to some of its repercussions on the construction of an alleged Northeastern identity. The paper is divided in two parts. The first deals with the idea of the Northeast as a constructed region and the emersion of drought as a social calamity. In the second part, the drought in the regionalist novel is discussed, highlighting the discursive elements that express social relations in cities that acted as “receptors” of rural populations during drought periods. It concludes that these novels had a denunciative role, but they rarely reflect the reactions of the political subjects. They therefore contribute with the reproduction of old images as symbols that stigmatize identity and political actions much more related to permanence than to change.



Resumo Espanhol:

Existe consenso en que, en Brasil, la literatura es una de las primeras áreas en asimilar las contribuciones sociológicas europeas de finales del siglo XIX, y bajo la influencia del darwinismo social y las teorías deterministas que tematizan la raza y el medio ambiente. El movimiento conocido como literatura regionalista estuvo profundamente influenciado por estos temas. En este artículo, el objetivo es desarrollar una reflexión sobre las obras de este movimiento literario, cuyos autores se dedicaron al tema de la sequía en la región Nordeste de Brasil, señalando algunas de sus repercusiones en la constitución de una supuesta identidad nororiental. El artículo consta de dos partes. El primero trata sobre el Nordeste como una región construida y el surgimiento de la sequía como una calamidad social. En el segundo, se habla de la sequía en las novelas regionalistas, destacando los elementos discursivos que expresan las relaciones sociales en las ciudades del noreste que “reciben” poblaciones rurales en tiempos de sequía. Concluimos que las obras tienen una función denunciante, pero dejan casi ausentes las reacciones de los sujetos políticos. De esta manera, siguen contribuyendo a la reproducción de imágenes antiguas, como símbolos, que también impulsan la estigmatización de la identidad y las acciones políticas mucho más que la permanencia que los cambios.