Nas obras Nosso musseque, de Luandino Vieira, e Venenos de Deus, remédios do diabo, de Mia Couto, estão representados momentos distintos das nações Angola e Moçambique. A primeira refere-se a fatos ocorridos durante as décadas de 1940 e 1950, quando Angola era ainda colônia portuguesa. A segunda alude a eventos situados na história recente de Moçambique. A proposta deste trabalho é verificar como se constituem as identidades ficcionais nos romances em questão, analisando em que medida elas apontam – em diferentes conjunturas históricas, de paÃses distintos, mas com um passado colonial comum – para uma identidade nacional que está sendo formada. Nossa análise está fundamentada principalmente nas reflexões de Stuart Hall e Michael Pollak acerca da identidade e nas de Paul Ricoeur no que tange ao tema do esquecimento. Os resultados indicam que, na ocasião em a escrita literária está afinada com o discurso de libertação, o texto de Luandino traz implÃcito o papel da memória como meio de preservação do passado e da tradição. O romance de Mia Couto, por outro lado, enquanto avaliação pós-independência, sugere a importância do esquecimento na construção da nação.