O texto pretende retratar, a partir das reflexões de Gabriel Marcel, a figura do filósofo, nos tempos atuais. Esse retrato revela um diagnóstico paradoxalmente sintomático: por uma parte, o filósofo é investido de um ideal ascético no qual ele se “retira do mundo” sendo, não raras vezes, visto como “lunático”, “guru”, ou, até mesmo, “profeta”; de outra, ele aparece como alguém afeito à Kolakeïa, à lisonja, cuja caracterização mais emblemática é a do “intelectual pop” que atende qualquer apelo midiático ou, às cegas, adere certo ativismo político. Para além desses polos viciosos, Marcel abre uma terceira via, por assim dizer, mais virtuosa, em que o filósofo possa, além de manter-se autocrítico e prudente à toda forma de fanatismo, responsabilizar-se humanitariamente.
The text intends to portray, from the reflections of Gabriel Marcel, the figure of the philosopher, in the present times. This portrait reveals a paradoxically symptomatic diagnosis: on the one hand, the philosopher is invested with an ascetic ideal in which he “withdraws from the world” being, not infrequently, seen as “lunatic”, “guru”, or even, “prophet”; On the other hand, he appears as someone with a kolakeïa, a flattery, whose most emblematic characterization is that of the “pop intellectual” who meets any mediatic appeal or blindly adheres to certain political activism. Beyond these vicious poles, Marcel opens a third way, so to speak, more virtuous, in which the philosopher can, in addition to remaining self-critical and prudent in all forms of fanaticism, to be responsible humanely.