O objetivo deste artigo é problematizar o processo de constituição identitária dos indÃgenas a partir do discurso do "Documento Final do Acampamento Terra Livre 2011 - pelo direito à vida e à mãe Terra". Para tanto, analisamos como são construÃdas as representações sociais de exclusão que constituem o discurso do documento oficial sobre os indÃgenas, a partir da perspectiva discursiva e do processo de referenciação linguÃstica, com base na interpretação de regularidades enunciativas que nos possibilitem rastrear, pela materialidade linguÃstica, os efeitos de sentido possÃveis, as formações discursivas e os interdiscursos que perpassam o discurso do movimento indÃgena "Acampamento Terra Livre" (ATL). A fundamentação teórica transdisciplinar proposta neste trabalho, pela articulação entre a Análise do Discurso (PÊCHEUX, 2002; CORACINI, 2011; AUTHIER-REVUZ; 1998, ORLANDI, 2099) e a perspectiva ancorada no método arqueogenealógico (FOUCAULT, 2007), é imprescindÃvel para que possamos problematizar as relações entre a linguagem, o sujeito e as relações de poder em um contexto mais amplo, na medida em que a interpretação se dá na tensão entre estrutura e acontecimento. Vozes discordantes e concordantes perpassam esse discurso, a partir de momentos de identificação que incluem e excluem o sujeito em pauta, num movimento identitário paradoxal e multifacetado.