O objetivo deste artigo é fazer um contraponto entre a teoria do discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe e a ontologia do ser social de Lukács. Tentamos expor que a dualidade estabelecida por Laclau e Mouffe entre contingência e necessidade, categorias fundamentalmente lógicas, não abarca a ontologia do ser social, que constitui uma objetividade que “tem a sua própria lógica”, nem da necessidade nem da contingência. Lukács, assim como Marx, parte do trabalho como categoria central da passagem de uma ontologia da natureza para a ontologia do ser social. Aqui se argumenta que a linguagem tem o mesmo peso ontológico do trabalho. Inserindo-se essa dimensão na ontologia de Lukács, alguns dos elementos da teoria do discurso de Laclau e Mouffe, apesar de suas insuficiências, podem ser repensados.
The aim of this paper is to make a counterpoint between the discourse theory of Ernesto Laclau and Chantal Mouffe and Lukács’ontology of social being. We try to show that the duality established by Laclau and Mouffe between contingency and necessity, fundamentally logical categories, does not encompass the ontology of social being, which constitutes an objectivity that "has its own logic", neither of necessity nor of contingency. Lukács, like Marx, starts from labor as the central category of the shift from an ontology of nature to the ontology of social being. Here it is argued that language has the same ontological weight than labor. Inserting this dimension into Lukacs' ontology, some of the elements of Laclau and Mouffe's discourse theory, despite their shortcomings, can be rethought.