Desde 2002, o Centro de Referência em Atenção à Saúde do Idoso (CRASI), da Universidade Federal Fluminense, ocupa-se do trabalho terapêutico medicamentoso e não-medicamentoso de pessoas diagnosticadas com demências. Neste ensaio, procuro refletir sobre o trabalho de modulação da memória, linguagem, atenção e sentidos de pessoas diagnosticadas com a Doença de Alzheimer e/ou outras demências nas oficinas da instituição. Interessa-me investigar como utensílios domésticos, cartões com palavras, músicas, adereços, frutas, flores e temperos agenciam e (co)produzem sentidos (visão, audição, tato, olfato, paladar), memórias, corpos, contextos sintáticos e semânticos. Os desenhos que apresento foram produzidos, entre 2021 e 2022, em lápis grafite, lápis de cor, caneta nanquim e caneta hidrográfica. Depois de finalizados, eles foram digitalizados, decompostos, reposicionados e, por vezes, editados em sua cor e forma. Em conjunto, eles procuram retratar as interações com o ambiente digital, as dinâmicas laborais das oficinas e os novos arranjos materiais, viabilizados por celulares e computadores em um período de isolamento social.