O artigo procura desenvolver a hipótese de que o poema "Outubro 1930", de Carlos Drummond de Andrade, ocupa uma posição estratégica dentro da sua obra, porque nele o individualismo característico do seu primeiro livro, Alguma poesia, começa a se revelar insuficiente e problemático. Através da análise do poema, sugere-se que na mescla de registros que o caracteriza está cifrada simultaneamente uma crise do poeta com o seu lirismo e uma tentativa tímida de abrir novos caminhos poéticos. Para reforçar a hipótese, resgata-se um trecho de uma carta de Drummond a Mário de Andrade e um trecho de uma crônica deste último para mostrar como o poeta mineiro estava àquela altura tomando consciência da precariedade da sua posição e da necessidade de mudança. Indiretamente, o objetivo do artigo é situar o processo de tomada de consciência de Drummond dentro da intensa movimentação ideológica que agitou nossa intelectualidade na passagem dos anos 20 para os anos 30, discutindo sua especificidade.
The article tries to develop the hypothesis that the poem of Carlos Drummond de Andrade “Outubro 1930” occupies a strategic position within his work, because the characteristic individualism of his first book begins to prove insufficient. Through analysis, it is suggested that in the mixture of records that characterizes the poem is simultaneously encrypted a crisis of the poet with his lyricism and a timid attempt to open new poetic ways. To reinforce the hypothesis, an extract of a letter from Drummond to Mário de Andrade and an excerpt from a chronicle of Mário are rescued to show how the poet was at that time becoming aware of the precariousness of his position and the need for change. Indirectly, the purpose of the article is to situate this process within the intense ideological movement that agitated our intellectuality in the passage of the decade of 20 to the one of 30, discussing its specificity.