Transformado em arma de guerra pela Office of Cordinator of Interamerican Affaires, o estilo de vida americano-estadunidense chegou aos lares de todo o continente durante a Segunda Guerra Mundial, através de uma ofensiva publicitária sem precedentes. Um poderoso arsenal de imagens, elaborado por diferentes órgãos do Departamento de Estado norte-americano, tinha por objetivo o recrutamento das mulheres para que participassem do esforço de guerra, fosse nos seus lares, no fronte ou na fabricação de armamentos. Por meio de atrativos valores cívicos, a propaganda de guerra incluía no seu repertório diferentes recursos discursivos que, a partir daquele momento, e até muito avançada a posterior Guerra Fria, integrariam o amplo imaginário de uma nova forma de domesticidade”. Este trabalho indaga, em perspectiva histórica e em suportes diversos, a utilização discursiva do gênero com fins de propaganda mediante a articulação entre elementos políticos e econômicos e o cotidiano e a vida doméstica. Este recurso, cuja utilização usualmente damos por óbvia quando nos referimos a governos autoritários, mostra a sua utilidade também para governos democráticos, mesmo quando se pretenda a preservação de um estilo de vida atribuído ao “mundo livre”. A partir do cruzamento de fontes primárias, como a famosa revista estadunidense The Reader’s Digest -nas suas versões estadunidense e latino-americanas- e variados cartazes de propaganda lançados pelo governo dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, se desenvolve a ideia de que as autorrepresentações do governo americano acabaram por formar um complexo enramado ideológico no qual tecem-se os problemas de estado com as questões de gênero.
During the Second World War, The American Way of Life crossed the American continent as a weapon, through an unprecedented advertising offensive. A powerful arsenal of images, prepared by different agencies of the US Department of State, was aimed at recruiting women to participate in the war effort, whether in their homes, in the front or in the manufacture of weapons. Through attractive civic values, war propaganda included in its repertoire different discourse resources, that would integrate the broad imaginary of a new form of domesticity. This research investigates, in an historical perspective, the use of gender as a resource for propaganda purposes, through the articulation between political elements and everyday life. This resource, usually take for granted when we refer to authoritarian governments, also shows its usefulness for democratic States, even in order to preserve a lifestyle attributed to the “free world”. Crossing primary sources, such as the famous American magazine The Reader's Digest - in its American and Latin American versions - and various propaganda posters launched by the United States Government during the Second War, these papers examine the way of the Government's self-representations built a complex ideological framework in which state affairs were interwoven with gender issues.
Transformado en arma de guerra por la Office of Cordinator of Interamerican Affaires, el estilo de vida americano- estadounidense llegó a los hogares de todo el continente durante la Segunda Guerra Mundial, a través de una ofensiva publicitaria sin precedentes. Un poderoso arsenal de imágenes, elaborado por diferentes órganos del Departamento de Estado norteamericano, tenía por objetivo el reclutamiento de las mujeres para que participasen del esfuerzo de guerra, ya fuese en sus hogares, en el frente o en la fabricación de armas. Por medio de atractivos valores cívicos, la propaganda de guerra incluía en su repertorio diferentes recursos discursivos que, a partir de entonces, y hasta bien avanzada la posterior Guerra Fría, integrarían el amplio imaginario de una nueva forma de domesticidad. Este trabajo indaga, en perspectiva histórica y en soportes diversos, la utilización discursiva del género con fines de propaganda mediante la articulación entre elementos políticos y económicos y el cotidiano y la vida doméstica. Este recurso, cuya utilización usualmente damos por sentada cuando nos referimos a gobiernos autoritarios, muestra su utilidad también para gobiernos democráticos, aun cuando se pretenda como objetivo la preservación de un estilo de vida atribuido al “mundo libre”. A partir del cruce de fuentes primarias, como la afamada revista estadounidense The Reader’s Digest -en sus versiones en ingles, portugués y español- y de variados carteles de propaganda lanzados por gobierno de Estados Unidos durante la Segunda Guerra Mundial, se desarrolla la idea de que las autorepresentaciones del gobierno americano acabaron formando un complejo entramado ideológico en el que se imbricaban los asuntos de estado con las cuestiones de género.