Locus

Endereço:
Rua José Lourenço Kelmer - Campus Universitário - São Pedro
Juiz de Fora / MG
36036-330
Site: https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/
Telefone: (55) 3221-0231
ISSN: 1413-3024
Editor Chefe: Leandro Pereira Gonçalves
Início Publicação: 01/01/1995
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: História

Entre vedetes e “homens em travesti”: um estudo sobre corpos e performances dissidentes no Rio de Janeiro na primeira metade do século XX (1900-1950)

Ano: 2020 | Volume: 26 | Número: 1
Autores: Thiago Barcelos Soliva, João Gomes Junior
Autor Correspondente: Thiago Barcelos Soliva | [email protected]

Palavras-chave: História,Corpos dissidentes,Performances de gênero,Teatro de Revista

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O objetivo deste artigo é fazer uma discussão sobre como os homossexuais da primeira metade do século XX (os “sodomitas”, “frescos”, “bagaxas” e “invertidos” como eram chamados) se apropriaram dos territórios públicos da cidade do Rio de Janeiro e desenvolveram tecnologias e práticas de resistência capazes de burlar as convenções burguesas e cisheteronormativas, travando inclusive relação com o Teatro de Revista e as vedetes. A partir da premissa da organização de longa duração dos homossexuais no Brasil, percebe-se que aqueles homens aprenderam a estabelecer entre si redes de sociabilidade e assim enfrentaram a moral burguesa e os discursos médico e jurídico que os perseguiam e excluíam. Mais do que experiências conformadoras dos indivíduos, a efeminação, por exemplo, era adotada muitas vezes como mecanismo de resistência ao controle institucional e à normatividade de gênero, e o Teatro de Revista se constituiu como uma possibilidade de agência na qual era possível remodelar projetos de vida de que as diversidades de gênero e sexualidade passaram a ser parte constitutiva. As fontes aqui utilizadas foram teses e livros médicos, arquivos de antropologia criminal e manchetes de revista e jornal, e a temporalidade da análise foi demarcada pelos anos de 1900 e 1950.



Resumo Inglês:

The purpose of this article is to discuss how homosexuals of the first half of the 20th century (“sodomites”, “frescos”, “bagaxas” and “inverts” as they were called) appropriated the public territories of the city of Rio de Janeiro and developed technologies and resistance practices capable of circumventing the bourgeois and heteronormative conventions, even having a relationship with the Magazine Theater (the “Teatro de Revista”) and the “vedetes”. By the premise of a long time organization of homosexuals in Brazil, it is clear that those men learned to establish networks of sociability among themselves and thus faced the bourgeois morality and the medical and legal discourses that persecuted and excluded them. More than individuals shaping experiences, effemination, for example, was often adopted as a mechanism of resistance to institutional control and gender normativity, and the Magazine Theater became a possibility of agency in which it was possible to remodel projects of life of which gender and sexuality diversities have become a constitutive part. The historical documents used here were medical theses and books, criminal anthropology archives and magazine and newspaper headlines, and the temporality of the analysis was marked by the years 1900 and 1950.



Resumo Espanhol:

El propósito de este artículo es discutir cómo los homosexuales de la primera mitad del siglo XX (los “sodomitas”, “frescos”, “bagaxas” e “invertidos” como se llamaban) se apropiaron de las calles y de los territorios públicos de la ciudad de Río de Janeiro y desarrollaron tecnologías y prácticas de resistencia capaces de eludir las convenciones burguesas y heteronormativas, incluso teniendo una relación con el “Teatro de Revista” y con las “vedetes”. Desde la premisa de la organización a largo plazo de los homosexuales en Brasil, está claro que aquellos hombres aprendieron a establecer redes de sociabilidad entre ellos y, por lo tanto, enfrentaron la moral burguesa y los discursos médicos y legales que los persiguieron y los excluyeron. Más que las experiencias conformes de los individuos, la afección, por ejemplo, a menudo se adoptó como un mecanismo de resistencia al control institucional y la normatividad de género, y el “Teatro de Revista” se constituyó como una posibilidad de agencia en la que era posible remodelar proyectos de vida de la cual las diversidades de género y sexualidad se han convertido en una parte constitutiva. Las fuentes utilizadas aquí fueron tesis y libros de medicina, archivos de antropología criminal y titulares de revistas y periódicos, y la temporalidad del análisis estuvo marcada por los años 1900 y 1950.