Entre viajantes, invernos e cidades: duas obras de Italo Calvino

Anuário De Literatura

Endereço:
Pós-Graduação em Literatura - Centro de Comunicação e Expressão - Campus Universitário - Trindade - Florianópolis
Florianópolis / SC
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ISSN: 21757917
Editor Chefe: NULL
Início Publicação: 30/11/1993
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Letras

Entre viajantes, invernos e cidades: duas obras de Italo Calvino

Ano: 2015 | Volume: 20 | Número: Especial
Autores: Rebecca Pedroso Monteiro
Autor Correspondente: Anuário De Literatura | [email protected]

Palavras-chave: calvino, interrupção, transbordamento, intervalo, leitura

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Resumo Português:

Esse ensaio pretende realizar uma leitura comparada entre duas obras de Calvino, As cidades invisíveis e Se um viajante numa noite de inverno, observando como se configuram os movimentos de interrupção e transbordamento ali presentes. O recurso do “cancelamento sucessivo” em Se um viajante numa noite de inverno (cujo limite é o “cancelamento do mundo”) pode operar como um “falso duplo” dos desdobramentos sucessivos de As cidades invisíveis, em sua complexa alegorização a partir de territórios tão infinitos quanto a memória, o desejo, os símbolos, as trocas, os mortos e o céu. Se de um lado (o do “viajante”) temos cortes sucessivos e abruptos que se desdobram em sempre novas operações decisórias e respectivos cortes, como o próprio Calvino reconheceu, de outro (o do “espaço percorrido pelo viajante”) temos um único tema (a cidade) dobrando-se sobre si mesmo em progressão (quase) geométrica. Entre um movimento e outro, o “catálogo indicativo das atitudes existenciais que conduzem a outros tantos caminhos obstruídos” sugerido pelo autor se mostra como um horizonte de desejo impossível, como uma engenhosa metáfora para algo que está entre o movimento do viajante e a imobilidade da paisagem, entre o corte e a multiplicação, entre o que sempre muda e o que nunca se movimenta. O intervalo liminar que todos esses recursos encenam e simbolizam é multiplicado (ou encerrado?) na trama de faltas e excessos que é potencializada por cada um dos livros, fazendo da experiência do indizível e da intraduzibilidade da experiência a força narrativa e poética dessas duas obras, e de tudo o que pode ser tecido entre elas.