A teoria institucional tem sido amplamente utilizada no estudo de empreendedorismo. A partir da compreensão atual do vazio institucional este artigo sugere que a relação entre as instituições formais e o empreendedorismo em economias emergentes tem a face de Janus. Na mitologia Janus é um deus de duas caras, uma olhando para trás e outra para frente. Por isso ele é associado com a transição e com o caos associado à ambígua relação entre o passado e o futuro. Esta ambiguidade pode ser vista como característica do empreendedorismo em economias emergentes. Em outras palavras, a face de Janus que olha para trás é a do vazio institucional e, a que olha para frente, a de políticas de estimulo que promovem os empreendedores de alto impacto. O artigo explora de forma comparada dois estudos de caso no Brasil e na Rússia. No Brasil, foi explorado o programa FINEP (INOVAR) e sua relação com o empreendedor Daniel Heise do Grupo Direct e na Rússia, a relação entre a Fundação Skolkovo e o empreendedor Yuri Deigin da Pharma Bio. O artigo contribui com a literatura de empreendedorismo aperfeiçoando o conceito de vazio institucional no contexto das economias emergentes; identificando na prática as estratégias de desenvolvimento do empreendedorismo de alto impacto em dois países pouco cobertos em artigos anteriores e explorando diretamente a relação das instituições com o indivíduo empreendedor de alto impacto nestas economias emergente aprofundando a compreensão da relação macro-micro.
Institutional theory has been widely applied to the study of entrepreneurship. Based on the current understanding of the institutional gap, we suggest that the relationship between formal institutions and entrepreneurship in emerging economies is reminiscent of the Face of Janus. Janus is a mythological figure with two faces, one looking backward and the other looking forward. Therefore, he is associated with transition and the chaos connected with the ambiguous relationship between the past and the future. This ambiguity may be seen as characteristic of entrepreneurship in emerging economies. In other words, the Face of Janus that looks backward corresponds to the institutional void, and the face that looks forward corresponds to stimulus policies that promote high-impact entrepreneurs. In this article, we comparatively discuss two case studies in Brazil and Russia. In Brazil, the Agency for Innovation’s (Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP) INOVAR program while in Russia the Skolkovo Foundation. This article contributes to the entrepreneurship literature by advancing the concept of the institutional void in the context of emerging economies and by identifying strategies to develop high-impact entrepreneurship in two countries that have received little attention in previous articles.