Este artigo se propõe a tomar como ponto de partida a experiência de uma pesquisa em andamento, intitulada A imprensa pornográfica: indústria cultural, identidades genéricas e orientações sexuais em tempos de Internet, para apresentar os obstáculos encontrados e as soluções criadas. De fato, a proposta de se fazer uma investigação junto aos produtores da imprensa pornográfica requer a criação de novas formas de abordagem do objeto e do campo de pesquisa. A definição de objeto em termos jurÃdico, organizacional, profissional e editorial apresenta problemas porque escapa aos circuitos institucionais de classificação dos veÃculos da imprensa escrita. No entanto, tais dificuldades não se limitam apenas à delimitação do campo e de seu acesso, mas se estendem à interação face a face. Convencer um interlocutor ou uma interlocutora a falar sobre um trabalho desacreditado, que chega a ser subjetivamente desvalorizado, é um exercÃcio delicado, tendo em vista a ilegitimidade social do objeto. Neste caso particular, o contexto da entrevista, o gênero da pessoa que a conduz incidem na construção da confiança do(a) sujeito(a) pesquisado(a). Nossa reflexão se fundamenta na análise de uma série de entrevistas realizadas com diretores de redação, editores-chefes, jornalistas e secretários de redação da imprensa pornográfica, e ainda com responsáveis por órgãos institucionais do campo jornalÃstico. Tratamos, em um primeiro momento, das táticas utilizadas para abordar um campo de pesquisa de difÃcil acesso. A seguir, discutimos a realização das entrevistas. Apresentaremos o número de temáticas originadas e o modo como elas configuram uma forma especÃfica de interação, na medida em que permeiam domÃnios ligados à sexualidade e à intimidade.
The purpose of this article is to benefit from an ongoing research project entitled The pornographic press: cultural industry, gendered identities and sexual orientations in the Internet age to expose obstacles encountered and solutions invented. Indeed, surveying producers of pornographic media requires inventing new ways to approach the object and the field to investigate. The definition of the object in legal, organizational, professional and editorial terms is an issue, because it escapes that list of print titles of institutional circuits. However, the difficulties are not confined only to the delimitation of the field investigation and the access to it, but extend to face to face interaction. Convincing someone to speak of a discredited work, even subjectively stigmatized as socially illegitimate requires skill and tact. Here especially, the context of the interview and the gender of the researcher who leads it have implications for the development of the respondent’s confidence. This presentation is based on the analysis of a series of interviews carried out with editors, journalists, copy editors of the pornographic press or actors of institutional organisations who are a part of the journalistic field. First, we will discuss the tactics conducted in order to delimit the range of this difficult research. Then we will focus on the interview process. We will see how the themes raised by the questions influence the interaction itself, because they touch on areas of sexuality and intimacy.
Cet article propose de s’appuyer sur l’expérience d’une recherche en cours intitulée La presse pornographique : industrie culturelle, identités genrées et orientations sexuelles à l’heure d’Internet pour exposer les obstacles rencontrés et les solutions inventées. En effet, enquêter auprès des producteurs de la presse pornographique nécessite d’inventer de nouvelles façons d’approcher l’objet et le terrain. La définition de l’objet en termes juridique, organisationnel, professionnel et éditorial pose problème, parce qu’il échappe aux circuits institutionnels qui répertorient les titres de presse écrite. Cependant les difficultés ne se résument pas seulement à la délimitation du terrain d’enquête et à son accès, mais s’étendent à l’interaction en face à face. Convaincre un interlocuteur ou une interlocutrice de parler d’un travail déconsidéré, voire subjectivement dévalorisant, puisque socialement illégitime est un exercice délicat. Ici tout particulièrement, le contexte de l’entretien, le genre de la personne qui le conduit ont des incidences sur la mise en confiance de l’enquêté(e). Notre réflexion se fonde sur l’analyse d’une série d’entretiens mis en oeuvre auprès de directeurs de publication, de rédacteurs en chef, de journalistes, de secrétaires de rédaction de la presse pornographique, voire de responsables d’organismes institutionnels du champ journalistique. Nous reviendrons, dans un premier temps, sur les tactiques mises en oeuvre face à un terrain difficile à saisir. Puis, dans un second temps, nous nous attarderons sur le déroulement des entretiens. Nous verrons combien les thématiques soulevées par les questions configurent de façon spécifique l’interaction elle-même, parce qu’elles touchent aux domaines de la sexualité et de l’intime.