Iniciaremos o percurso de nossa análise passando ao perÃodo helenÃstico da epimeleia
heautou, compreendendo os sécs. I e II de nossa era. Nessa nova fase veremos que o cuidado de
si, segundo Foucault, deixou de ser um privilégio para aqueles cidadãos que possuÃam posses
suficientes para dedicarem-se à sua formação ética e polÃtica, como era no perÃodo socráticoplatônico, passando a ser uma prática estendida, ou melhor, acessÃvel a todos os indivÃduos. Em
última instância, havia deixado de ser uma prática elitista para se converter em uma prática de
maior amplitude social. Todavia, apontaremos uma limitação importante, a nosso ver, quanto Ã
prática da epimeleia heautou caracterÃstica do perÃodo helenÃstico: é um cuidado centrado em si,
que, longe de expressar uma autofinalização, constituiu-se em uma prática excessivamente
espiritualizada. Para sustentar esta crÃtica, nos serviremos, sobretudo, dos textos de Pierre
Hadot.