Este artigo volta-se para o estudo da crônica, sobretudo, no que diz respeito ao seu papel na reorganização da cidade e ao referido gênero enquanto forma de experiência urbana. Com base em teóricos como Julio Ramos e Michel de Certeau, a proposta é pensar a crônica como uma possibilidade de vivenciar a urbe, além de perceber sua produção de sentido e participação no reordenamento da cidade moderna. Ao se distanciar de uma perspectiva histórica do gênero, este estudo também busca estabelecer relações com alguns pontos importantes que ajudam a pensar as crônicas mais vinculadas à s atividades jornalÃsticas e cinematográficas, ou seja, a crônica-reportagem e a cinematografia das letras. Nesse sentido, tem-se como objeto de análise a coluna Cinematographo, publicada semanalmente de 11 de agosto de 1907 a 19 de dezembro de 1910 na Gazeta de NotÃcias, e o livro homônimo (1909), produções de João do Rio (Paulo Barreto). Surge, a partir da observação de textos selecionados, uma reflexão sobre as crônicas do inÃcio do século XX e, em consequência, o debate acerca da diluição de fronteiras entre literatura, jornalismo e cinema.