A escabiose é uma ectoparasitose caracterizada por pápulas eritematosas, tocas serpiginosas e prurido intenso, especialmente no período noturno. O diagnóstico é estabelecido por meio da correlação entre os achados clínicos do exame físico e métodos complementares, tanto invasivos quanto não invasivos, incluindo a videodermatoscopia. Na infância, o tratamento da escabiose apresenta desafios específicos, sobretudo devido aos potenciais efeitos adversos da ivermectina e da permetrina, fármacos de primeira escolha no manejo da doença. Em todo o mundo, cerca de 300 milhões de pessoas são afetadas anualmente, sendo os bebês e as crianças com as maiores taxas de incidência. A população pediátrica também apresenta as maiores taxas de complicações e agravos, cursando com infecções bacterianas secundárias por Streptococcus pyogenes ou Staphylococcus aureus. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão narrativa da literatura científica recente sobre a escabiose na infância, com ênfase no manejo, abordando seus aspectos epidemiológicos, clínicos, diagnósticos e terapêuticos. Com base na revisão bibliográfica, observamos que as complicações da escabiose em crianças estão frequentemente associadas a reações de hipersensibilidade. Evidências crescentes indicam a ocorrência de uma reação autolimitada de hipersensibilidade pós-tratamento, não contagiosa, caracterizada pela persistência de pústulas nas palmas das mãos e plantas dos pés, sem a presença de sulcos ou ácaros, conhecida como acropustulose infantil. No entanto, a escassez de estudos randomizados, multicêntricos e com amostras representativas evidencia a necessidade de mais investigações para esclarecer esses mecanismos e orientar estratégias terapêuticas eficazes.
Scabies is an ectoparasitic infestation characterized by erythematous papules, serpiginous burrows, and intense pruritus, especially at night. Diagnosis is established through correlation between clinical findings from physical examination and complementary methods, both invasive and non-invasive, including videodermatoscopy. In childhood, scabies treatment presents specific challenges, mainly due to the potential adverse effects of ivermectin and permethrin, which are the first-line drugs for disease management. Worldwide, approximately 300 million people are affected annually, with infants and young children having the highest incidence rates. The pediatric population also shows the highest rates of complications and disease burden, often accompanied by secondary bacterial infections caused by Streptococcus pyogenes or Staphylococcus aureus. The objective of this study was to conduct a narrative review of recent scientific literature on childhood scabies, with an emphasis on management, addressing its epidemiological, clinical, diagnostic, and therapeutic aspects. Based on the literature review, we observed that complications of scabies in children are often associated with hypersensitivity reactions. Growing evidence indicates the occurrence of a self-limited, non-contagious hypersensitivity reaction after treatment, characterized by persistent pustules on the palms and soles, without the presence of burrows or mites, known as infantile acropustulosis. However, the scarcity of randomized, multicenter studies with representative samples highlights the need for further research to clarify these mechanisms and guide effective therapeutic strategies.