Este texto busca refletir sobre apenas uma questão, bem importante, no campo de estudos da etnologia indígena do sertão nordestino, qual seja: em que medida a supervalorização de conceitos e categorias antropológicas, como identidade étnica, por exemplo, produz um conhecimento enviesado e reduzido sobre populações humanas complexas. Desta maneira, problematizam-se algumas noções basilares para a formação deste campo de estudos, como a ideia de que falta algo a estas pessoas, no caso alteridade, e a pretensa homogeneidade cultural entre indígenas e não indígenas. Ambas as noções são relacionadas à colonialidade do saber, que no caso, atua para deslegitimar pessoas eximindo o estado-nação de suas responsabilidades e liberando o território para a exploração capitalista. Por fim, propõe-se pensar sobre as implicações das repostas da disciplina antropologia para o cenário que se pode observar na região e, num breve exercício teórico, imagina-se a possibilidade de outras antropologias, dentre elas uma antropologia indígena do sertão.