O presente trabalho tem como objetivo investigar ospercursos traçados pelos povos originários para o surgimento da educação escolar indígena no Estado do Ceará, as origens da escola diferenciada e intercultural, além de pesquisar sobre políticas e ações desenvolvidas nesse ambiente escolar que visem respeitar a identidade e o autorreconhecimento dessa população. O Estado do Ceará, atualmente, conta com 38 escolas indígenas da rede estadual e municipal, distribuídas em 16 municípios para 14 etnias cearenses. Ao pensar sobre o movimento indígena, especialmente sobre o surgimento da educação indígena no Ceará e suas escolas, apareceram algumas inquietações e questões: quais foram os caminhos traçados nessa luta de resistência para que viesse a existir uma escola pensada pelos povos originários e para estes, garantindo seus direitos a esta escola diferenciada e intercultural, visando preservar sua identidade e, ao mesmo tempo, dando acesso à ciência e à tecnologia, dentro dos padrões das escolas asseguradas pelo Ministério da Educação e suas secretarias? Como são desenvolvidas as políticas e as ações para essas escolas e seus atores? Como referencial teórico, elencamos como principais pensadores sobre a questão indígena: Martins (2015), Aires (2009), Nascimento (2006), e outros, além de fontes oriundas do site daSecretaria de Educação e sua célula responsável. Foi metodologia adotada a pesquisa etnográfica, além de pesquisa bibliográfica, através de livros, artigos, documentos e sites. Realizou-se uma entrevista com a liderança indígena (cacique) da aldeia Tremembé. Os resultados revelaram uma história traçada por luta, resistência, com perdas, negociações, mas também vitórias sobre os aspectos ligados à valorização da identidade indígena e autorreconhecimento. As considerações deixaram reflexões a respeito da emergência da continuidade sobre a luta do movimento social e da educação escolar indígenas, sobre os quais deverão ser proporcionados mais visibilidade e investimentos.