Nas últimas décadas do século XX, coreógrafos e bailarinos presenciaram o surgimento de softwares para notação e criação em dança. Uma tecnologia cuja promessa é facilitar a escrita coreográfica e preservar sequências de movimento que antes estariam sob a guarda apenas da memória de seus criadores e intérpretes. Porém, para além de seus benefÃcios mais evidentes, é preciso investigar as implicações de tais tecnologias na compreensão do processo criativo de dança e do estatuto do corpo do bailarino. Recorrendo a estudos especÃficos sobre o tema e considerações dos principais criadores e utilizadores de tais tecnologias, este artigo procura confrontar diferentes perspectivas sobre a relação entre a escrita da dança e a tecnologia, tendo como eixo norteador o pensamento sobre o papel do corpo e da sensibilidade humana no processo criativo.